OPINIÃO: As ruínas do PSB e uma reflexão sobre história, legado e gratidão





A Paraíba assiste estupefata a disputada pelo comando do diretório estadual Partido Socialista Brasileiro – PSB. De um lado, o governador João Azevedo, do outro o ex-governador, e grande responsável pela eleição de João, Ricardo Coutinho.

Todos os portais de notícia no Estado dão contas da negativa de João em aceitar sequer discutir sobre a formação da comissão provisória do partido. “Não aceitamos a dissolução do diretório estadual, principalmente da forma como foi feita”, disse João em carta dirigida ao presidente nacional da legenda.

O governador tem seus motivos e os apresentou na carta direcionada ao Diretório Nacional e já divulgada à imprensa. Segundo o documento assinado conjuntamente com diversas lideranças do partido, Ricardo teria um proeminente papel na liderança do PSB paraibano, mas recusou a ‘honraria’, pois queria ser de fato o presidente da sigla.

Tenho considerações pessoais acerca desse imbróglio. Gostaria de ponderar sobre algumas questões. Acompanhe o meu raciocínio. Considere as ponderações de alguém que está observando ‘de fora’, sem paixões pelos lados, até porque não as tenho mesmo.

Tenho imensas críticas a Ricardo Coutinho. O acho dentre outras coisas, perseguidor e personalista. Acredito que muito do que ele vive nesse momento é decorrente de suas posturas, do seu modo de tratar os que o rodeiam, porém, no caso do tratamento que tem recebido pelos seus colegas socialistas paraibanos, acredito que RC tem sido ‘injustiçado’.

Ricardo é um dos maiores, talvez o maior governador da história da Paraíba. Sim, há uma investigação gigante em curso, que pode lhe render problemas terríveis e manchar de modo irreparável essa trajetória, mas não é essa a discussão. Até porque, ainda estramos falando de investigação.  A ponderação aqui é sobre o que o ex-governador deixa como legado para o Estado do ponto de vista das obras, das conquistas e do desenvolvimento que foram construídos durante os oitos anos do governo Coutinho. Ricardo tem sim, um legado considerável e digno de reconhecimento.

E o que isso tem a ver com a querela do PSB? Tudo. O PSB da Paraíba não era nada, antes de Ricardo Coutinho. Alguém se lembra da trajetória deste partido nos últimos 40 anos? Minha geração só conheceu a força deste partido com Ricardo Coutinho.

Os girassóis são o resultado do projeto construído por Coutinho. Sua ‘assinatura’ está em tudo que o partido construiu nos últimos anos. Com isso, estou dizendo que João Azevedo não seria governador sem essa identidade ‘ricardista e girassolaica’.

Em 2014 ninguém queria ser vice de Ricardo, essa é a verdade. O anúncio de Lígia veio após a convenção e todos diziam que a derrota era certa. Os girassóis venceram. Em 2016, Ricardo ‘bancou’ João e os girassóis venceram mais uma vez!

Ricardo é o maior líder político que minha geração viu no estado da Paraíba. Alguém discorda? Apresente-me outro nome que tenha construído uma trajetória tão vencedora nos últimos anos.

Ao dizer todas essas coisas acerca do ‘ex-rei’ do que chamo jocosamente de ‘Republiqueta Pseudo Bolivariana da Parahyba do Norte’, não estou dizendo que concordo com seus expedientes, com suas posturas. Não estou jurando amor e muito menos, declarando voto ao ex-governador. Aliás, não votaria nele. O que estou dizendo é que acredito em legado, em história e em gratidão. Ricardo deveria ser tratado com maior respeito pelos seus colegas ‘socialistas’.

João tem seus motivos? Sim, tem. Ele estaria tentando se desvincular de eventuais rebordosas advindas da ‘Calvário’? Se essa é a estratégia, ela me parece tola, pois se há algo mais a ser descoberto, todos estariam em situação difícil. Onde fica o ‘ninguém solta a mão de ninguém?’.

Abandonar aquele que representa de forma plena um projeto que sob diversos aspectos é vencedor (principalmente para o PSB), não me parece íntegro, grato e decente.

Ricardo Coutinho não representa um líder ao qual eu quisesse seguir, porém aqueles que até bem pouco tempo o seguiam não me parecem corretos nesse litígio que pode, em certa medida, arruinar o partido.

Os desdobramentos dessa querela podem colocar Ricardo como maior nome da oposição ao governador que ele mesmo ajudou a eleger. E ter como maior oposicionista alguém que tem o legado administrativo de RC não me parece muito sábio.

SE Ricardo for implicado pela ‘Calvário’, João será também. SE Ricardo não for implicado, sairá como grande vítima desse litígio e poderá causar grandes estragos no governo de Azevedo. Alguém duvida?

A mim e aos demais observadores do cenário compete apenas observar, analisar e esperar para ver o que vai acontecer nos próximos dias.





Caco Pereira







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