Audiência na Câmara é encerrada após deputado do PSOL chamar Moro de ladrão
A sabatina do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio
Moro, na Câmara dos Deputados foi encerrada por volta das 21h50, após o
deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmar que “a história não absolverá” Moro, que será lembrado “pelos
livros de história como o juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão”.
A fala de Glauber Braga causou reação de parlamentares
aliados ao governo Bolsonaro que reagiram, aos gritos. Um dos mais exaltados, o
Delegado Éder Mauro (PSD-PA) partiu para cima de Braga, mas foi
separado pelo petista Paulo Teixeira (SP).
A mesa da presidência da audiência, comandada pela deputada Marcivania Flexa
(PCdoB-AP), foi cercada por alguns deputados que exigiam o encerramento da
sessão. O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) disse que a parlamentar não tinha
“pulso” para contornar a confusão.
A deputada Marcivana Flexa encerrou a sessão após Moro
deixar a audiência escoltado por seguranças. Enquanto se retirava, deputados da
oposição gritavam “fujão”.
Moro foi sabatinado por deputados nesta terça-feira (2), por
quase oito horas, para explicar as mensagens vazadas pelo site The Intercept
Brasil, envolvendo o então juiz federal e o chefe da força-tarefa da Operação
Lava Jato, Deltan Dallagnol. O ministro da Justiça e Segurança Pública foi
ouvido por parlamentares de quatro comissões: de Constituição e Justiça; de Trabalho;
de Direitos Humanos; e de Fiscalização Financeira e Controle.
A confusão envolvendo Glauber Braga e governistas não foi o
único momento de tensão da sessão. No primeiro bate-boca entre oposicionistas e
aliados de Bolsonaro, o deputado Rogério Corrêa (PT-MG) chamou Dallagnol de
“mau elemento” e “cretino” e foi respondido pelo líder do PSL na Câmara,
Delegado Waldir (GO), aos gritos. O presidente da CCJ, Felipe Francischini
(PSL-PR), ameaçou encerrar a reunião durante a discussão.
“Se começar bate boca, que eu tô prevendo, vou encerrar a reunião.
Quero saber se querem fazer o debate de forma civilizada, fazendo perguntas”, disse
Francischini.
A estratégia dos deputados ficou clara desde o início da
audiência. Os aliados de Moro e do governo Bolsonaro alegaram que a Lava Jato
foi responsável pela maior investigação de combate à corrupção e lavagem de
dinheiro da história do país.
Os parlamentares de oposição, por sua vez, questionam a
imparcialidade do então juiz federal na condução dos processos da força-tarefa.
A analogia sobre um árbitro de futebol atuando a favor de uma das equipes foi
utilizada diversas vezes por oposicionistas.
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Nenhum comentário: