Jesus, os pecadores e os pecadores
Um dia li algo sobre um rapaz que tentou utilizar um copo
como objeto sexual e acabou se ferindo. Na época este fato rendeu todo tipo de
piadas e ofensas nas redes sociais. O que por si já depõe contra o tipo de
sociedade civilizada que somos. Obviamente a opção sexual do moço gerou os mais
ofensivos ataques a ele enquanto pessoa. Infelizmente muitos cristãos
rapidamente o "levaram" para a "fogueira"
da "moderna inquisição".
Recordo que naquele dia uma tarde inteira refletindo sobre o
acontecido, sobre nossa postura e como Jesus lidaria com esse moço. Acabou que
minha mente começou a passear por algumas histórias em que a Escritura nos
mostra Jesus convivendo com aqueles que a sociedade considera como ‘escória’.
Mas também pude ‘ver’ como Ele tratou com os ‘especiais’ da fé, os fariseus.
Vamos andar um pouco
comigo pelas páginas da Escritura?
Com certeza você viu como Jesus tratou uma mulher que havia
adulterado e pela lei deveria ser apedrejada. O mestre de modo simples e pastoral
não a condenou, embora fosse o único ali que poderia fazê-lo. Ele a perdoou.
Ele não jogou pedras, não xingou, não engrossou o coro dos condenadores de
plantão. O Rei a perdoou (Leia João
8.1-10).
E Zaqueu, o miserável judeu que cobrava impostos do seu
próprio povo em favor dos romanos. Mais que isso, cobrava de modo criminoso.
Zaqueu roubava seu povo. O que Jesus
fez? Perdoou! (Leia Lucas 19.1-10).
Mas tem o caso de uma mulher siro-fenícia. Os judeus odiavam
esse povo, chamavam-nos de cães. E Jesus fala sobre isso com ela, mas
simplesmente a contempla em sua fé,
atende seu pedido. (Leia Marcos 7.24-29)
E Saulo, o que respirava ódio contra os cristãos. O
perseguidor? Como Jesus agiu com ele? O
transformou em um dos mais importantes nomes da fé cristã. (Leia Atos
9.1-9)
Mas e os fariseus? Os doutores da lei? Os defensores da fé?
Como Jesus tratou com eles? Exatamente como os demais. Ele os confrontou com a
verdade e deixou claro que eram tão pecadores quanto os outros. Sim, eles eram
como a adúltera e assim como ela, precisariam ir e não mais pecar, e como
Zaqueu, precisavam dar sinais evidentes de que houve salvação, como Paulo eles
precisavam saber quem era JESUS, como a mulher siro-fenícia, deveriam entender
a bem-aventurança de pertencer ao Dono de tudo.
Em nenhum lugar da Escritura Jesus criou gradações de
pecados, em nenhuma página do Livro Santo Ele tratou com menos rigor qualquer
pecado. Ele não ‘deu a louca’ com
prostitutas, cobradores de impostos, promíscuos, nem mesmo com quem estava
sendo crucificado com Ele, ou com seus algozes.
Jesus sentou com todos os tipos de pecadores, fossem eles
quem fossem. A cada um a quem amou, apresentou-se como Senhor do perdão e mudou
suas vidas. Não importa quem eram, não importa quais eram seus pecados, suas mazelas,
suas dores. A única coisa importante era a misericórdia que Ele queria
derramar sobre suas vidas.
No ‘cristianismo de
Cristo’ não existem pecados e pecados; não existem méritos, virtudes,
bondades, atenuantes ou agravantes. No ‘cristianismo de Cristo’ temos apenas
pecadores totalmente imerecedores do amor e O Deus misericordioso que deu em
amor, seu único filho para numa cruz maldita, se dar em lugar de todo tipo de
pecador, em lugar dos mais vis e odiáveis homens. Sim, o Cristo da Cruz morreu
em lugar das mais inimagináveis figuras e todos aqueles pelos quais Ele
derramou seu sangue, serão resgatados, pois Ele pagou um
alto preço por suas vidas.
O cristianismo da cruz não está preocupado em apontar o dedo
para pecados mais ‘condenáveis’, pois sabe que eles não existem. O cristianismo
da cruz vai chorar desesperadamente as dores de uma sociedade apodrecida,
odiosa, violenta, cruel e desumana.
Não importa se alguém é homicida, prostituta, adúltero,
ladrão, homicida, mentiroso, fofoqueiro, explorador do rebanho de Cristo,
enfim, não importa qual pecado. Cristo é suficiente para cancelar o escrito da
dívida de cada um. Na verdade, todos os que se dobram diante d'Ele, já tiveram
sua dívida paga na cruz maldita.
Se somos do ‘cristianismo de Cristo’, somos convocados a
sentar com todos, com adúlteros, com os promíscuos – sejam eles quem forem e
quais forem suas promiscuidades, com os dominados pelo crack, com escravos da
religiosidade; não para comungar com o que a Escritura condena, mas para
dizer-lhes que em Cristo há transformação, que em Cristo ninguém, absolutamente
ninguém é melhor, é mais ou menos pecador.
O mundo carece de um cristianismo realmente bíblico. Carece de uma
Igreja alicerçada sobre o Fundamento dos apóstolos, que prega uma mensagem
profética, que adverte as pessoas quanto a inegociável necessidade do
arrependimento, fazendo-as sabedoras de sua condição pecaminosa, mas ao que
mesmo tempo é um cristianismo de braços abertos, uma igreja pronta a receber
todo tipo de pessoas, amá-las, sentir compaixão de suas vidas, ajudá-las a
mudar suas histórias e ensiná-las a viver uma transformação verdadeira.
Quem se diz cristão e prefere ofender, atacar, humilhar as
pessoas por suas escolhas, sejam elas quais forem, carece urgentemente aprender
sobre o Jesus que andou com as ‘piores’
figuras e as transformou em pessoas dos quais o mundo não era digno.
Precisamos olhar para todas as pessoas e tratá-las como
alguém por quem Cristo pode ter morrido.
Se
Ele vai mudar suas histórias é com Ele. Nossa obrigação é ser voz profética e
ter os braços prontos para abraça-las.
Que Cristo nos ensine a ser cristãos, apenas cristãos!
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