Prefeito suspeito de estuprar pacientes continuará preso



O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) negou por dois votos a um o liberdade do médico e prefeito afastado de Uruberatama José Hilson de Paiva, 70 anos. O médico está preso desde julho acusado de abusar sexualmente de pacientes por décadas durante consultas ginecológicas nas cidades de Uruburetama e Cruz, no interior do Ceará.

Votaram a contra a liberdade do médico os desembargadores José Tarcílio Souza da Silva e Marlúcia de Araújo Bezerra. O presidente da 3ª Câmara Criminal do TJCE, desembargador Francisco Lincoln Araújo e Silva, votou a favor da concessão do habeas corpus, mas foi vencido pelos demais magistrados.

O desembargador José Tarcílio primeiramente votou pela concessão do harbeas corpus, porém o magistrado refez a decisão e votou para que o médico continuasse preso. “Refaço meu voto. Neste momento, não é cabível a aplicação de medidas cautelares. Acompanho integralmente o voto divergente da desembargadora”, disse.

Denúncias

Denunciantes procuraram a Polícia Civil do Ceará depois que uma sequência de vídeos com cenas dos abusos, filmados pelo próprio médico, foram exibidos no Fantástico. A informação é de que os crimes aconteciam desde 1980.

No dia 19 de julho de 2019, Paiva foi preso. No julgamento previsto para esta terça, a liberdade do acusado pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) pode ser impedida caso um ou dois magistrados mudem o entendimento anterior.

Sob a condição de não ser identificada, já por temer represálias, uma das vítimas contou ao G1 que apoiadores do médico afirmam que irão festejar a soltura do acusado, com queima de fogos em praça pública. A mulher ainda relata ter sofrido ameaças por ter denunciado José Hilson.

"Há mais de 30 anos ele vem cometendo crimes e já vai ser solto? Cadê a Justiça? Tem outras mulheres que foram abusadas e nunca denunciaram. Elas chegaram agora para mim e falaram: e aí, do que adiantou denunciar, se ele vai ser solto? Sempre tive a Justiça como uma coisa séria na minha vida. Eu já fui ameaçada por duas pessoas aqui. Minha vida agora é ser ameaçada. Disseram que iam quebrar a minha cara na rua. Eu que vou ficar aprisionada porque denunciei, e ele solto? Ninguém quer enxergar o que ele fez?", questiona uma das vítimas.

Outra mulher abusada pelo médico durante consulta ginecológica afirma que ver José Hilson preso e longe de Uruburetama é o mínimo de segurança que ela espera.

"Com ele longe daqui, eu me sinto melhor. Ele não é digno de estar em Uruburetama. Ficam debochando da gente dizendo que ele já vai ser solto, e que não deu em nada. Peço que, pelo amor de Deus, não soltem. Queria que ele estivesse no nosso lugar", disse.




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