SOB SUSPEITA: Governo instaura comissão para investigar contratos da Cruz Vermelha, na Paraíba
O governo do Estado instaurou uma comissão para investigar
irregularidades em contratos firmados com duas organizações sociais na Paraíba.
As portarias publicadas no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (18), são
direcionadas a Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do Sul e ao Instituto
de Gestão em Saúde (Gerir).
As duas organizações sociais viraram alvos do Ministério
Público da Paraíba (MPPB) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB) por
suposto desvio de dinheiro público. Há denúncias, também, de uso de parte
destes recursos para fazer pagamentos a autoridades. As portarias são assinadas
pelo atual secretário de Saúde, Geraldo Antônio de Medeiros.
O objetivo das portarias, conforme a publicação, é a
“apuração de eventuais irregularidades e identificação dos responsáveis,
quantificação do dano e obtenção do ressarcimento ao erário” em contratos
firmados nas gestões de 2012, 2013, 2014, 2017 e 2019. O grupo terá 90 dias
para concluir os trabalhos e apresentação de relatórios conclusivos. Ele será
composto por Maria Auxiliadora de Brito Veiga Pessoa, Heryane de Oliveira
Correia e Aurea Bustorff F. Quintão.
As duas organizações sociais estiveram no centro de
denúncias registradas desde o início das atividades, ainda durante o governo de
Ricardo Coutinho (PSB).
A Cruz Vermelha foi o principal alvo da operação Calvário,
desencadeada pelos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco) da Paraíba e do Rio de Janeiro. Só na Paraíba, a instituição
administrou junto com o Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e
Profissional (PCEP) a quantia de R$ 1,2 bilhão. Elas são citadas em denúncia do
Ministério Público como "utilizadas apenas como 'fachadas' para a
organização criminosa chefiada por Daniel Gomes da Silva", preso desde o
ano passado no Rio de Janeiro, junto com outros responsáveis pela gestão do
programa.
Já o Tribunal de Contas do Estado detectou por meio de fiscalizações
que a Cruz Vermelha teria provocado R$ 20 milhões em prejuízos aos cofres
públicos, apenas na Paraíba. Ela administrava o Hospital de Emergência e Trama
Senador Humberto Lucena, em João Pessoa.
Já sobre a Gerir, o Pleno do TCE-PB aplicou mais de R$ 3,3
milhões em multas em abril deste ano, após constatar irregularidades na gestão
da Organização Social Instituto de Gestão em Saúde, contratada pela Secretaria
de Estado da Saúde para administrar a Maternidade Dr. Peregrino Filho no
município de Patos, durante o exercício de 2013. O TCE constatou elevados
gastos com terceirização e irregularidades que apontam prejuízos na ordem de R$
3 milhões. Segundo o tribunal, os valores pagos sem comprovação e em excesso a
empresas locais e de outras regiões do País.

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