Secretária de Educação de Campina permanecerá presa, porém em ‘cela especial’
A secretária de Educação da Prefeitura de Campina Grande,
Iolanda Barbosa, vai ficar em uma cela especial. A decisão foi do juiz Vinicius
da Costa Vidor, da 4º Vara Federal, durante a audiência de custódia na tarde
desta quinta-feira (25). A professora é suspeita de envolvimento em um esquema
de desvio de recursos da merenda escolar e teve o pedido de prisão temporária
expedido.
Em contato com o G1, o advogado de Iolanda Barbosa,
Guilherme Almeida de Moura, afirmou que a secretária não tem nenhuma participação
em irregularidades ligadas à licitações de merenda escolar e que os diálogos
divulgados até agora, frutos de interceptações telefônicas autorizadas pela
Justiça, não têm conteúdo para comprometê-la. O jurista ainda disse que não
teve acesso completo aos autos.
Como não há cela especial feminina disponível em Campina
Grande, o juiz da Vara de Execuções Penais decidiu que a secretária fosse
encaminhada para a Penitenciária Feminina da cidade. Caso não haja um espaço
adequando para pessoa com ensino superior, a Vara Militar vai ser acionada para
que seja disponibilizada uma cela em qualquer batalhão da Polícia Militar no
Estado.
Iolanda
Barbosa se apresentou à Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (25). Ela
estava em um evento em São Paulo quando foi deflagrada a Operação
Famintos, na manhã da quarta-feira (24). Como ela não foi encontrada no seu
endereço, a PF aguardou o retorno da secretária.
Depois da chegada em Campina Grande, Iolanda Barbosa passou
por exame de corpo de delito e ficou detida na sede da PF, no bairro do Catolé,
até o momento da audiência de custódia. No encontro com o juiz Vinicius Costa
Vidor, ela apresentou diploma de ensino superior.
Iolanda Barbosa tem graduação em licenciatura em Ciências
Sociais pela Universidade Federal da Paraíba, mestrado em Sociologia pela UFPB
e doutorado em Sociologia também pela UFPB. Atualmente é professora titular da
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), mas cedida à prefeitura de Campina
Grande.
Afastada
Além de ter sido presa, Iolanda Barbosa foi afastada por 180
dias do cargo de secretária de Educação. O Ministério Público Federal afirma
que a professora participava do esquema de fraude em licitações e tinha total
conhecimento das empresas de fachada e de laranjas.
No despacho que autorizou a prisão da secretária, o juiz
Vinicius Costa Vidor afirma ela que capitaneava o núcleo político da
organização criminosa, tendo assinado contratos e aditivos irregulares
encontrados pela Controladoria Geral da União.
O secretário de Administração da prefeitura de Campina
Grande, Paulo Roberto Diniz, também foi afastado do cargo, mas não teve pedido
de prisão expedido.
Operação Famintos
As investigações foram iniciadas a partir de representação
autuada no MPF, que relatou a ocorrência de irregularidades em licitações na
Prefeitura de Campina Grande (PB), mediante a contratação de empresas “de
fachada”. A investigação constatou que desde 2013 ocorreram contratos
sucessivos, que atingiram um montante pago de R$ 25 milhões.
Além da merenda escolar, as contratações incluíam o
fornecimento de material de higiene e de limpeza para outras áreas de governo
(Saúde, Assistência Social, etc.). A CGU, durante auditoria realizada para
avaliar a execução do PNAE no município, detectou um prejuízo de cerca de R$
2,3 milhões, decorrentes de pagamentos por serviços não prestados ou aquisições
de gêneros alimentícios em duplicidade no período de janeiro de 2018 a março de
2019.

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