Raquel convoca força-tarefa da Lava Jato para discutir posicionamento sobre mensagens
Um mês após o início da divulgação de mensagens supostamente
trocadas nos últimos anos entre procuradores da Lava
Jato e o então juiz Sérgio
Moro, a procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, receberá nesta terça-feira, 16, integrantes da força-tarefa sediada
em Curitiba. Convocada por Raquel, a reunião tem o objetivo de avaliar toda a
situação do ponto de vista institucional.
Reportagens do site The Intercept, em parceria com
outros veículos de comunicação, põem em xeque a conduta de procuradores e do
ministro Sergio Moro, ao revelar supostos diálogos travados entre Deltan
Dallagnol e outros integrantes do MPF e do próprio ex-juiz federal.
Os citados afirmam não reconhecerem a autenticidade das
mensagens, negam irregularidades e se dizem vítima de crime de hackers que
tentam manchar os feitos e anular processos ligados à operação.
Neste mês, a PGR já se manifestou contra pedidos do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que aponta suspeição do então juiz
Sergio Moro na condução de ações penais contra si. A PGR já afirmou que houve
atuação criminosa contra integrantes do Ministério Público Federal, no ofício
enviado em junho à Polícia Federal pedindo uma investigação sobre os motivos e
eventuais contratantes do "ataque cibernético sistemático".
Na avaliação de alguns procuradores, no entanto, entendem
que falta fazer uma defesa pública mais enfática dos integrantes da
Força-Tarefa. A expectativa de procuradores é que, depois da reunião, a PGR
possa apresentar uma posição da instituição.
A informação na Procuradoria-Geral da República é que a
reunião já estava sendo articulada há semanas e não se deve a nenhum conteúdo
específico divulgado na imprensa recentemente.
Por coincidência, a reunião acontecerá um dia depois de a
Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do Ministério
Público Federal (MPF) responsável pela defesa de direitos humanos, divulgar uma
nota pública com críticas indiretas à força-tarefa da Lava Jato nesta
segunda-feira, 15. A PFDC é independente e não necessariamente representa a
PGR.
Também nesta segunda-feira, 15, o PSOL protocolou uma
representação contra o procurador da República Deltan Dallagnol no Conselho
Nacional do Ministério Público.
Segundo o partido, os diálogos configuram fraude aos
princípios constitucionais e aos valores do Ministério Público.
"A tentativa de obter lucro por meio da Operação Lava Jato -
através de condutas imorais e ilegais - não pode ser tolerada pelas
instituições democráticas. Trata-se de claro desvio de conduta e abuso ilegal
das prerrogativas", diz a representação da legenda.
Marcelo Camargo/Agência Brasil

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