Cuidado com suas conversas no WhatsApp, você está sendo vigiado
Se alguém ainda não sabia, que não paire nenhuma dúvida: não
existe mais privacidade nesse mundo tecnológico em que nos enfiamos. Estamos
cercados. O único lugar em que senhas, opiniões comprometedoras e nudes estão
seguros, livre de invasores, estelionatários e chantagistas é nas nossas
mentes.
Todo conforto – ou futilidade – da vida moderna cobra esse
preço: dispor dados pessoais e guardar informações críticas de nossas vidas em
nuvens e arquivos que até mesmo um hacker com aparelho nos dentes e espinhas no
rosto consegue acessar.
Essa vulnerabilidade é provavelmente de conhecimento
universal. Difícil imaginar um cidadão que acredite estar livre de ter sua
intimidade invadida a qualquer momento e por qualquer mecanismo conectado à
internet. Jogo jogado, não há o que se fazer: é essa a sensação universal.
O inexplicável, na verdade, é o fato de aparentemente
ninguém se incomodar com essa devassidão, esse despudor com podemos ser
vigiados, observados, espionados, lesados e expostos. A razão dessa
disponibilidade toda, desse strip tease da alma e do saldo bancário não é
racional e deveria causar estranheza.
Mas não. O indivíduo de bem, o pai de família, a mãe
prestimosa, acham que estão moralmente imunes ou que não têm algo a esconder. É
uma arrogância ou ingenuidade perigosas. Todos perdem nessa história.
E aquela conversa banal mas com um palavrão no meio
gravada no WhatsApp – ou aquele comentário desagradável sobre o colega de
trabalho que escapou no Messenger do Facebook?
É a mesma lógica da inocência presumida até prova em
contrário. Abrir mão desse direito consagrado pela civilização pode até
eventualmente favorecer algum culpado, mas foi criado para defender quem nada
deve.
O direito à privacidade é ainda mais valioso, por se
equiparar ao direito à liberdade individual.
Quer bater no peito e fanfarronar que não tem medo de
hackers? Tolinho. Por enquanto, são eles que não têm medo de nós.

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