Os números da tragédia da Vale em Brumadinho, que completa uma semana
Quando a barragem de rejeitos da Vale,
na cidade de Brumadinho,
em Minas Gerais, se rompeu no início da tarde da última sexta-feira (25/1),
varrendo tudo em seu caminho — casas, pastos, carros e principalmente vidas e
histórias — deixou uma cidade em ruínas, um país em choque e centenas de
famílias dilaceradas pela perda de entes queridos.
Hoje (1º), a tragédia socioambiental provocada pela
mineradora brasileira completa uma semana. Veja, em números, o tamanho da
tragédia, até agora.
– Drama humano –
REUTERS/Adriano Machado
110 é o número de mortos (atualizado até o fechamento
deste texto)
71 já foram identificados, segundo o Corpo de Bombeiros de
Minas (número atualizado até o fechamento deste texto)
238 pessoas continuam desaparecidas (número atualizado
até o fechamento deste texto
– Impacto ambiental –
13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de
ferro, aproximadamente, se espalharam por Brumadinho após o rompimento da
barragem do Córrego do Feijó.
98 quilômetros é a distância que a lama de rejeitos da
Vale avançou a partir da barragem que se rompeu, segundo boletim de
monitoramento do Rio Paraopeba divulgado na quarta-feira (30) pelo Serviço
Geológico Brasileiro.
2,7 milhões de metros quadrados de cobertura florestal
foram atingidos, conforme análise preliminar do IBAMA baseada em imagens
de satélite e mapas anteriores ao rompimento da barragem. Isso equivale a mais
de 300 campos de futebol.
20% é a estimativa feita pela Defesa Civil de quanto representa
a área que ficou tomada pela lama em Brumadinho no comparativo com o território
destruído no desastre da Samarco, em Mariana.
57 animais foram resgatados em Brumadinho, entre cães,
pássaros, galinhas e bovinos. Alguns animais, porém, estão sendo abatidos por
estarem debilitados em áreas de difícil acesso. Infelizmente, o Brasil não
possui um plano ou política nacional que inclua os animais em estratégias de
redução de risco em desastres.
– Vale –
12,6 bilhões de reais é o valor bloqueado até agora pela
Justiça brasileira contra a Vale. O dinheiro será destinado para custear
despesas ambientais, trabalhistas e logísticas da tragédia.
500 milhões de reais em multas e somando. A Vale foi
multada pelo Ibama em R$ 250 milhões, pelo governo do estado de Minas de Gerais
em R$ 99 milhões e pela prefeitura de Brumadinho em R$ 100 milhões, e pela
Prefeitura de Juatuba, cidade a 27 quilômetros de distância de Brumadinho, em
R$ 50 milhões pela contaminação do Rio Paraopeba. Empresa pode recorrer.
3,2 mil reais é a multa máxima que a Agência Nacional
de Mineração (ANM) aplicar à Vale. Irrisório, o valor é o limite estabelecido
por um decreto de Michel Temer, de 2018, que regulamentou o Código Nacional de
Mineração, de 1967.
100 mil reais serão destinados em caráter emergencial
pela Vale para cada família das vítimas fatais do rompimento da barragem em
Brumadinho. A empresa diz que a medida tem caráter voluntário e independe de
indenizações.
40 milhões de toneladas de minério de ferro. Essa será
a redução na produção anual da Vale após a anunciada desativação de barragens
como as de Brumadinho e Mariana. Isso é o equivalente a 10% da produção total e
deve custar R$ 5 bilhões em investimentos ao longo de 3 anos.
54 bilhões de reais é o valor de mercado que a Valeu
perdeu desde segunda-feira. No dia do acidente, a Bolsa estava fechada devido
ao feriado do aniversário de SP. Na segunda-feira, as ações fecharam em queda
de 24,5% o que fez a empresa perder 72 bilhões em valor de mercado (a maior
queda em valor de empresa em um dia). Após a derrocada das ações, a Vale
anunciou um plano de ação que envolve o fim de barragens semelhantes às de
Brumadinho e Mariana, o que acabou impactando no preço do minério de ferro.
Com isso, as ações voltaram a subir. A alta não foi suficiente
para reverter as perdas na Bolsa. Na semana, as ações da Vale acumulam queda de
18%.
– Barragens no Brasil
–
Apenas 3% (780) das 24 mil barragens existentes no
país foram vistoriadas em 2017 por 29 órgãos estaduais como
secretarias e institutos de Meio Ambiente e agências reguladoras federais. Os
dados são do Relatório de Segurança de Barragens 2017, publicado no ano passado
pela Agência Nacional de Águas (ANA) e abarca barragens voltadas à irrigação e
exploração hidrelétrica, abastecimento, uso animal, aquicultura, contenção de
resíduos minerais e industriais.
3.387 barragens no Brasil são enquadradas na Categoria
de Risco (CRI) alto ou com Dano Potencial Associado (DPA) alto, de acordo com a
Agência Nacional das Águas (ANA). Número pode ser maior porque nem todos os
órgãos fiscalizadores enviam as informações completas sobre suas barragens à
ANA.
3,5 milhões de pessoas (2% da população brasileira),
aproximadamente, vivem em regiões onde estão localizadas barragens em risco de
rompimento, aponta relatório da Agência Nacional de Águas. Rachaduras,
infiltrações, falta de documentos que comprovem a segurança são alguns dos
problemas detectados em 45 estruturas consideradas “vulneráveis”.



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