Presidente do STJ diz que não exigirá exame de Bolsonaro
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João
Otávio de Noronha, disse nesta quinta-feira (7) que o presidente Jair
Bolsonaro não deve ser obrigado a entregar os laudos de todos os exames de
coronavírus. Em entrevista concedida ao site jurídico JOTA, Noronha afirmou que
"não
é republicano" exigir a divulgação dos documentos e alegou que
"não é porque o cidadão se elege presidente que não tem direito a um
mínimo de privacidade".
A Advocacia-Geral da União (AGU) deve recorrer nesta semana
da decisão que garantiu ao Estadão ter acesso aos laudos de todos os
exames" realizados pelo presidente Jair Bolsonaro para detectar se foi
infectado ou não pelo novo coronavírus. Para o Ministério Público Federal, a
informação é de interesse público.
Segundo o Estadão apurou, uma das possibilidades
discutidas pelo governo é de entrar com recurso no STJ, o que pode levar o caso
diretamente para o gabinete de Noronha. O próprio Noronha admitiu na entrevista
que o processo pode parar com ele.
"Essa decisão poderá chegar a mim com um pedido de suspensão de
segurança, então eu vou permitir para não responder. Mas é o seguinte, eu não
acho que eu João Otávio tenho que mostrar meu exame para todo mundo, eu até
fiz, deu negativo. Mas vem cá, o presidente tem que dizer o que ele alimenta,
se é A+, B+, O-? Há um mínimo de intimidade a ser preservada",
disse Noronha.
Na avaliação do presidente do STJ, o cargo público "não
pode querer entrar nas entranhas da pessoa que o exerce". "Não
é nada republicano querer exigir que o presidente dê os seus exames. Outra
coisa, já perdeu até a atualidade, se olhar, não sei como está lá, o que
adianta saber se o presidente teve ou não coronavírus se foi lá atrás os
exames?", questionou o ministro.
"Ele (Bolsonaro) está andando pra lá e pra cá e está imunizado, é
uma questão a ser discutida com calma, mas acho que há um limite interferir na
vida do cidadão, não é porque ele é presidente da República, que ele é
presidente do Supremo, do STJ, que ele tem que estar publicando seu exame de
sangue todo dia."
Para o presidente do STJ, "a gente precisa limitar um pouco o grau de intervenção". "Não é porque o cidadão se elege presidente ou é ministro que não tem direito a um mínimo de privacidade. A gente não perde a qualidade de ser humano por exercer um cargo de relevância na República", frisou
Terra

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