Saúde propõe reduzir isolamento em algumas regiões
O Ministério da Saúde propôs afrouxar a partir de
13 de abril o isolamento social em regiões que não comprometeram mais do que
metade da capacidade de atendimento instalada antes da pandemia do novo
coronavírus. A nova diretriz foi publicada no boletim epidemiológico divulgado pela
pasta nesta segunda-feira, 6.
Nesses estados e municípios, o distanciamento amplo deverá
ser substituído pelo isolamento seletivo, voltado aos grupos que correm mais
riscos, como idosos e pessoas com doenças crônicas. Com a medida, o ministério
pretende permitir a retomada gradual da circulação e da atividade econômica,
uma das principais preocupações do presidente Jair Bolsonaro, que entrou em
rota de colisão com governadores de todo o País que adotaram medidas amplas de
distanciamento social.
Por outro lado, regiões com mais da metade da capacidade
ocupada deverão manter regras de isolamento amplo até que seus sistemas de
saúde estejam providos de leitos, respiradores, testes, equipamentos de
proteção e equipes de saúde suficientes.
O secretário de vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson
de Oliveira, não deu detalhes da medida na entrevista coletiva realizada nesta
segunda. O ministro Luiz Henrique Mandetta não participou do briefing porque
foi no mesmo horário de reunião no Palácio do Planalto com o presidente Jair
Bolsonaro e outros integrantes do governo.
Outra estratégia de transição de isolamento apresentada
nesta segunda é a que definiu critérios para manutenção ou suspensão de
afastamento de profissionais da saúde e da segurança pública. No primeiro
momento, valem apenas para esses trabalhadores que atuam na linha de frente,
mas serão ampliados para as demais cadeias produtivas conforme testes para a
doença ficarem disponíveis.
"É um começo de uma flexibilização para uma transição
gradual de onde está implementado um distanciamento social ampliado, como em
São Paulo e no Distrito Federal, migrar gradualmente com segurança para um
distanciamento social seletivo", afirmou o secretário.
Segundo o ministério, médicos, enfermeiros e policiais só
deverão permanecer em isolamento nos casos em que houver a indicação expressa.
Um diagnóstico por exame ou avaliação médica atestando a segurança do retorno
serão suficientes para que esses trabalhadores retornem às funções.
"Publicamos orientação sobre afastamento laboral,
justamente para orientar os profissionais dos serviços de saúde e de segurança
pública para que os profissionais que estão em isolamento, ou que por ventura
necessitem, só fiquem se for indicado", afirmou o secretário.
O documento menciona também profissionais que estão no grupo
de risco, mas que não podem ser afastados das funções. A recomendação é que
eles sejam usados em atividades de gestão, suporte ou assistência em áreas
afastadas de pacientes contaminados.
Apesar das medidas de transição mencionadas no boletim, o
secretário reforçou a importância do isolamento amplo neste momento. A
principal preocupação é não levar o sistema de saúde a um colapso. Wanderson
Oliveira chegou a dizer que o isolamento seletivo não é errado do ponto de
vista metodológico. Contudo, é inviável por conta das carências de equipamento
e de leitos para atender milhares de infectados.
"A teoria do distanciamento social seletivo, em que eu
abro o sistema para que populações jovens possam transitar, se infectar e criar
com isso imunidade de rebanho, em teoria ela é razoável. Não tem problema do
ponto de vista metodológico, desde que tivéssemos leitos, respiradores e
equipamentos de proteção suficientes", afirmou o secretário. "O único
instrumento de controle existente, possível e disponível é o distanciamento
social".

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