Bolsonaro marca reunião com oncologista cotado para substituir Mandetta
O presidente Jair
Bolsonaro começa a receber, nesta quinta-feira, 16, no Palácio do
Planalto cotados para substituir o ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta. O primeiro da lista é o oncologista Nelson
Teich, que atuou na campanha eleitoral do presidente e tem apoio da classe
médica. A decisão sobre o novo titular da Saúde, no entanto, ainda não está
tomada, afirmam interlocutores do governo.
Devem participar da conversa com o médico os ministros Walter
Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo. Teich atuou
como consultor informal da área de saúde na campanha eleitoral de Bolsonaro, em
2018. À época, a aproximação ocorreu por meio do atual ministro da Economia,
Paulo Guedes. Na transição do governo, Teich foi cotado para comandar a Saúde,
mas perdeu a vaga para Mandetta, que havia sido colega de Bolsonaro na Câmara
de Deputados e tinha o apoio do governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado
(DEM-GO), agora seu ex-aliado, e de Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que foi chefe da
Casa Civil e agora é ministro da Cidadania.
O oncologista tem o apoio da Associação Médica Brasileira
(AMB), que referendou a indicação ao presidente, e possui boa relação com
empresários do setor de saúde.
O argumento pró-Teich de parte da classe médica é o de que
ele trará dados para destravar debates hoje “politizados” sobre o enfrentamento
da covid-19. Integrantes do setor de saúde afirmam que a ideia não é ceder
completamente a argumentos sobre uso ampliado da cloroquina ou de isolamento
vertical (apenas para idosos ou pessoas em situação de risco), por exemplo.
Dizem, porém, que há exageros na posição atual do ministério.
A possível demissão de Mandetta provocou uma corrida entre
aliados de Bolsonaro para indicar o sucessor no comando da Saúde. Um dos nomes
cotados é o da diretora Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, Ludhmila Hajjar. A profissional tem o apoio do médico Antonio Luiz
Macedo, cirurgião geral que acompanha o presidente desde que ele foi atingido
por uma faca em ato de campanha, sem setembro de 2018. Questionada pelo Estado,
a cardiologista negou convite do presidente. “Não fui convidada, não fui
sondada. Sigo trabalhando normalmente”, disse na noite desta quarta-feira, 15.
Na lista de indicações para substituir Mandetta aparece
ainda Claudio Lottemberg, presidente do Conselho Deliberativo do Hospital
Israelita Albert Einstein. Lottemberg, no entanto, preside o Lide Saúde, grupo
ligado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desafeto de Bolsonaro.
Os nomes do deputado Osmar Terra (MDB-RS) e do presidente da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, perderam
força no Planalto, apesar de terem a confiança de Bolsonaro. A leitura é a de
que a escolha de um deles não seria bem aceita no Congresso e entre entidades
médicas, por causa da mudança radical de discurso que levariam ao ministério.
Defensora do uso da hidroxicloroquina, a oncologista Nise Yamaguchi também
teria perdido força por ter pouco apoio da classe médica.

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