VAI PARAR? Semana começa com ameaça de paralisação de caminhoneiros pelo País
Nesta segunda-feira, 16, uma nova paralisação de caminhoneiros pode ter início em várias regiões do
País. A mobilização, que começou a circular em grupos de WhatsApp nas
últimas semanas, é apoiada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Transportes e Logísticas (CNTTL), instituição ligada à Central Única dos
Trabalhadores (CUT).
O movimento dos caminhoneiros, porém, está completamente
dividido em relação a uma nova greve. O caminhoneiro Wallace Landim, o
“Chorão”, que tem representado os pleitos dos caminhoneiros na interlocução com
o governo, disse ao Estado que a classe está sendo alvo de interesses
políticos e que os principais pedidos dos trabalhadores já estão com data para
que sejam atendidos.
“Temos uma pauta importante, que já está na mesa e que tem
data para ser atendida. Temos de ter muita seriedade em relação ao que está
sendo feito. O que estão querendo é usar o transportador como massa de manobra
para um movimento político”, disse.
Na próxima terça-feira, 17, segundo Chorão, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) se
comprometeu em publicar o novo Código Identificador da Operação de Transportes
(Ciot), ferramenta que vai ajudar a fiscalizar a punir empresas que tem
contratado caminhoneiros com preços abaixo do mínimo estabelecido na tabela do
frete.
Outra reivindicação, segundo o Estadão, é o reajuste do piso mínimo do frete, o
que, segundo Chorão, já tem o compromisso do governo de ser feito em 20 de
janeiro do ano que vem. Sua expectativa da classe é que esse aumento fique
entre 14% e 18%. Outras negociações estão em andamento ainda para tratar do
preço do diesel.
“Concordo que estamos no limite de nossa situação, mas é
preciso enxergar que as coisas estão em andamento. Nossa maior crítica hoje é o
atravessador, a empresa que está entre o produtor e o caminhoneiro. É preciso
eliminar esse atravessador e facilitar a contratação direta do caminhoneiro,
seja cooperado ou autônomo”, comentou.
Nas redes sociais, representantes da CUT têm divulgado
vídeos nos quais negam motivações políticas. “Estão tentando desvirtuar o
movimento dos caminhoneiros, com essa história de que se trata de um movimento
político. Quem faz isso tenta desmobilizar a classe, é covarde”, afirmou Sandro
Cesar, presidente da CUT no Rio de Janeiro, em vídeo distribuído entre os
trabalhadores. “Quero saber se tem alguém, em algum lugar desse Brasil, que
está feliz com o preço da gasolina, do gás, do óleo diesel. Se tem alguém feliz
com isso, deve ter outros interesses.”
Nesta época do ano, quando o volume de transporte de grãos
cai, é comum haver uma oferta maior de caminhões no mercado. Como todos querem
trabalhar, algumas empresas acabam praticando preços muito inferiores aos
previstos na tabela do frete, que foi adotada durante a primeira paralisação de
grande porte do setor, ocorrida durante a gestão do ex-presidente Michel Temer.
Para aplacar a greve, o governo cedeu e instituiu uma tabela
mínima de preços para o transporte. A indústria, no entanto, critica até hoje o
mecanismo e diz que este tem prejudicado os negócios.
“Se não tivermos nossos pedidos atendidos, serei o primeiro
a ir para a rua e puxar as mobilizações. Mas não estamos nesse momento. É
preciso olhar as coisas com seriedade e não entrar em movimentos que nunca
representaram os caminhoneiros”, disse Chorão.
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