Secretária de Educação de Campina Grande se apresenta à PF após mandado de prisão
A secretária de Educação da Prefeitura de Campina Grande,
Iolanda Barbosa, se na sede da Polícia Federal do município na manhã desta
quinta-feira (25). Iolanda é investigada
na operação Famintos, que foi deflagrada na quarta-feira (24)e apura
fraudes em licitações, superfaturamento de contratos administrativo, corrupção
e organização criminosa, relacionadas com a merenda escolar.
O Ministério Público Federal (MPF) pediu o afastamento dela
da pasta e a secretária teve um mandado de prisão temporária expedido, porém
não foi cumprido na quarta-feira pois Iolanda estava em um evento em São Paulo.
Além de Iolanda, o MPF também pediu o afastamento do
secretário de Administração da prefeitura de Campina Grande, Paulo Roberto
Diniz. Ambos são suspeitos de fraude em licitação.
Na quarta-feira, a PF deflagrou duas operações simultâneas,
com o objetivo de cumprir 17 mandados de prisão e 67 de busca e apreensão em
órgãos públicos, residências, escritórios e empresas nas cidades de João
Pessoa, Campina Grande, Massaranduba, Lagoa Seca, Serra Redonda, Monteiro e
Zabelê. Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região
e pela Justiça Federal de Campina Grande.
Foi estipulado o bloqueio de bens e valores na ordem de R$
13,5 milhões, como uma estimativa preliminar do dano causado pelas fraudes. A
ação é realizada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e com a
Controladoria-Geral da União (CGU), e conta com a participação de 260 policiais
federais e 16 auditores da CGU.
De acordo com a Polícia Federal, a Operação Famintos tem o
objetivo de desarticular um esquema criminoso de fraudes em licitações e
contratações na cidade de Campina Grande, nos anos de 2013 até 2019, com
pagamentos vinculados a verbas do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE).
A Operação Feudo também apura delitos relacionados a
licitações fraudadas e contratações irregulares, mas no município de Monteiro,
envolvendo empresas que fornecem merenda escolar.
O nome da operação Famintos é uma alusão à voracidade
demonstrada pelos investigados em direcionar as contratações para o grupo
criminoso. Já o nome Feudo remete ao vínculo familiar entre os integrantes do
grupo criminoso atuante em Monteiro.
Operação Famintos
As investigações foram iniciadas a partir de representação
autuada no MPF, que relatou a ocorrência de irregularidades em licitações na
Prefeitura de Campina Grande (PB), mediante a contratação de empresas “de
fachada”. A investigação constatou que desde 2013 ocorreram contratos
sucessivos, que atingiram um montante pago de R$ 25 milhões.
Além da merenda escolar, as contratações incluíam o
fornecimento de material de higiene e de limpeza para outras áreas de governo
(Saúde, Assistência Social, etc.). A CGU, durante auditoria realizada para
avaliar a execução do PNAE no município, detectou um prejuízo de cerca de R$
2,3 milhões, decorrentes de pagamentos por serviços não prestados ou aquisições
de gêneros alimentícios em duplicidade no período de janeiro de 2018 a março de
2019.
A Operação Famintos consiste no cumprimento de 34 mandados
de busca e apreensão, 14 de prisão temporária e sete de afastamento de cargo ou
função pública nos municípios paraibanos de Campina Grande, João Pessoa e
Massaranduba. O trabalho conta com a participação de nove auditores da CGU e
cerca de 150 policiais federais.
Confira a lista dos
alvos de prisão temporária na Operação Famintos
Iolanda Barbosa da Silva - Secretária de Educação de Campina
Grande;
Helder Giuseppe Casulo de Araújo - pres. da Comissão
Permanente de Licitação de Campina Grande;
Gabriella Coutinho Gomes Pontes - pregoeira da prefeitura de
Campina Grande;
José Lucildo da Silva - servidor da prefeitura de Campina
Grande;
Arnóbio Joaquim Domingos da Silva - empresário;
Flávio Souza Maia - empresário;
Frederico de Brito Lira - empresário;
Josivan Silva - empresário;
Kátia Suenia Macedo Maia - empresário;
Luiz Carlos Ferreira Brito Lira - empresário
Marco Antonio Quirino da Silva - empresário;
Renato Faustino da Silva - empresário;
Rosildo de Lima Silva - empresário;
Severino Roberto Maia de Miranda - empresário;
Confira os servidores
da prefeitura de Campina Grande que foram afastados
Gabriella Coutinho Gomes Pontes - pregoeira titular da
prefeitura de Campina Grande;
Helder Giuseppe Casulo de Araújo - pres. da Comissão
Permanente de Licitação de Campina Grande;
Iolanda Barbosa da Silva - Secretária de Educação de Campina
Grande;
José Lucildo da Silva - servidor da prefeitura de Campina
Grande;
Paulo Roberto Diniz - secretário de Administração da
Prefeitura de Campina Grande;
Marisete Ferreira Tavares - servidora da Prefeitura de
Campina Grande;
Maria José Ribeiro Diniz - servidora da Secretaria de
Administração.
Prefeitura de Campina Grande
Em nota, a prefeitura Municipal de Campina Grande disse que
está inteiramente à disposição das autoridades para prestar todas as
informações solicitadas. Diz ainda que desde 2013 o processo de aquisição e
distribuição de merenda escolar em Campina Grande cumpre todas as etapas de excelência
administrativa, com fornecimento assegurado e de qualidade.
Operação Feudo
As investigações foram iniciadas a partir de levantamento da
CGU, que verificou indícios de irregularidades em licitações na Prefeitura de
Monteiro, mediante a contratação de empresas de um mesmo grupo familiar. Os
valores empenhados, no período de 2015 a 2018, ultrapassaram R$ 93 milhões.
Com o aprofundamento dos trabalhos pelos órgãos parceiros,
constatou-se que o grupo, formado por sete empresas, vem atuando em crimes contra
a administração pública em diversos municípios da Paraíba. O modus operandi
inclui a constituição fraudulenta de empresas para participação em licitações,
frustrando o caráter competitivo e/ou para utilização em montagem de
procedimentos para justificar contratações sem licitação.
A CGU, em auditoria realizada para avaliar a execução do
PNAE no município, detectou que o grupo investigado foi beneficiado em
licitações e contratos correspondentes ao montante de R$ 5 milhões, nos
exercícios de 2017 e 2018.
A Operação Feudo consiste no cumprimento de 29 mandados de
busca e apreensão e três de prisão temporária nos municípios paraibanos de
Monteiro, Campina Grande, Serra Redonda e Zabelê. O trabalho conta com a
participação de sete auditores da CGU e 110 policiais federais.
Prefeitura de
Monteiro
Por meio de nota, a Prefeitura de Monteiro afirmou que
"defende toda e qualquer apuração a respeito dos supostos fatos e não teme
qualquer investigação, uma vez que todos os procedimentos administrativos e
licitatórios são realizados a luz da transparência e com reiteradas auditorias
realizadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE)" e que nenhum familiar
da prefeita presta serviços na área de alimentação e merenda escolar.

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