Menino de sete anos salva primo engasgado com espinha de peixe
Um grande susto parou o almoço da família Barreto na última
terça-feira (3), mas terminou com um final feliz graças à ação rápida dos
primeiros socorros de Walter Neto, de apenas sete anos. Uma espinha de peixe
ficou presa na garganta do pequeno Davi Ilírio, de três anos, primo de Walter.
A família mora no bairro Santo Antônio, na Zona Sul de
Teresina, e no momento avô e a tia do menino se revezaram em tentar ajudar o
garoto, mas não conseguiram. Foi Walter quem conseguiu socorrer o primo graças
às manobras que aprendeu com os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência.
Walter contou ao G1 que ficou calmo para que fosse
possível realizar a manobra que havia aprendido durante as aulas. “Meus pais
não conseguiram socorrer Davi, então eu comecei a realizar o procedimento. Eu
nunca havia feito algo parecido nessas condições. Fiz três vezes a
manobra", disse Walter. Com a ajuda do primo, Davi conseguiu cuspir a
espinha, e ele e toda a família conseguiram respirar tranquilos novamente.
"Depois que consegui eu fui avisar a todos de casa que
tinha conseguido e fiquei muito feliz”, contou Walter Neto. A tranquilidade do
garoto impressionou Ana Gabriela, mãe do menino.
"Ele disse que poderia ajudar e sabia o que fazer, ele
percebeu nosso desespero e entrou em ação. O fato dele ter conseguido e de
saber que ele tem a capacidade foi o que me deixou mais feliz", disse Ana.
Projeto Samuzinho
Depois do alívio, a família ligou para o Samu para agradecer
o trabalho dos professores. Walter Neto é aluno do projeto Samuzinho, um
projeto voluntário realizado por quatro profissionais do Samu a cada 15 dias. O
projeto atinge 60 alunos, entre sete e 13 anos, e busca ensinar os pequenos a
como reconhecer situações de emergência e orientar os adultos sobre como
proceder.
“Nós do Samu iniciamos esse trabalho com as crianças porque
são atenciosas e focadas, aprendem mais, e acreditamos muito que 'primeiros
socorros' é matéria de sala de aula”, disse a técnica em enfermagem Elisângela
De Jesus Pereira, membro do Projeto Samuzinho.
Através do treinamento no Projeto Samuzinho, Walter Neto
pôde identificar que o pequeno Davi havia sofrido um engasgo total. O garoto
lembrou qual a manobra certa para aquele tipo de procedimento, e executou.
O movimento executado foi a manobra de Heimlich, em que o
socorrista se posiciona atrás da pessoa engasgada e, a abraçando por trás,
realiza uma forte pressão no diafragma, logo abaixo dos pulmões, forçando uma
tosse para ajudar a desobstruir as vias respiratórias.
“O engasgo parcial é aquele mais comum com saliva, água e a
gente consegue tossir, já o engasgo total o sofrido por Davi é aquele que a
gente não consegue falar, tossir e respirar. Nesse caso o paciente fica
cianótico, ou seja, fica roxo", disse a técnica em enfermagem.
Ela explica que nos treinamentos as crianças aprendem noções
básicas de primeiros-socorros. “Eles são orientados a identificar engasgos,
desmaios, paradas cardíacas e em seguida o que fazer diante dessa situação.
Eles são orientados a chamar um adulto e orientar o adulto sobre o que deve ser
feito. Eles são nossa ponte”, disse Elisângela.
Fotos: Rafaela Leal / G1 PI


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