CONDE: Ex-assessor diz que dinheiro devolvido a vereador pagava empréstimos pessoais
O cabeleireiro João Gomes da Silva Neto revelou, em
depoimento da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deccor), de João
Pessoa, que foi assessor do então vereador Fernando Araújo, conhecido como
Fernando Boca Loca, na Câmara do Conde, Litoral Sul da Paraíba. Durante o
depoimento, ele informou que ficava com uma pequena parcela do salário e que o
restante repassava ao vereador para que empréstimos pessoais de Fernando fossem
pagos a um ex-vereador e atual diretor de Patrimônio da Câmara do Conde, José Muniz.
Em troca, o diretor indicaria um servidor laranja que seria contratado pelos
vereadores.
Segundo João Gomes, ele ficava apenas com o INSS e uma
pequena parte do dinheiro. "Era o mesmo esquema de Muniz", ele conta.
José Muniz de Lima chegou a ser presidente da Câmara do Conde e, conforme
depoimento do cabeleireiro, o dinheiro era entregue a Muniz, que devolvia
apenas a parte dele. João Gomes ficava com pouco mais de R$ 100 e devolvia
cerca de R$ 800.
No entanto, durante depoimento, Fernando Boca Loca admitiu
que havia, de fato, contratado João Gomes como assessor, mas que não o conhecia
pessoalmente. Ele afirmou que o contrato foi feito por indicação do ex-vereador
Muniz. Segundo Fernando, o contrato com o cabeleireiro foi feito para pagar um
dinheiro que ele tinha pedido emprestado a Muniz.
Conforme o delegado Allan Murilo Terruel, Fernando pegou o
dinheiro emprestado e, para pagar, ele empregou algumas pessoas indicadas pelo
ex-vereador Muniz. "Essas pessoas recebiam o vencimentos e não chegavam
até o assessor. Eram repassados para Muniz", explica.
Fernando disse que o pagamento ocorria por meio das
assessorias. Atualmente, José Muniz de Lima é diretor de Patrimônio da Câmara
Municipal do Conde. Segundo o advogado de Muniz, João Sobral, o que aconteceu foi
um empréstimo ao ex-vereador Fernando, em 2017. "Nada tem a ver com a
contratação de assessor, tendo em vista que os assessores são de gabinetes,
cargo de confiança", relatou. O advogado ainda negou que Muniz tenha
ficado com a maior parte do salário do cabeleireiro.
Para o delegado Allan Murilo Terruel, Muniz esclareceu que
emprestou dinheiro a Fernando, mas que desconhecia a contratação dos
funcionários. "Fernando vai precisar esclarecer algumas coisas",
enfatizou o delegado. A defesa de Fernando Boca Loca disse que ele continua
colaborando com as investigações.
Foto: Altair Castro

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