Moro diz que policial não pode ser tratado como homicida se criminoso morrer
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou
nesta quarta-feira (6) que "ninguém" deseja a morte de criminosos,
mas, se houver algum incidente, os policiais não podem ser tratados como
homicidas.
Moro deu a declaração após
se reunir com parlamentares na Câmara dos Deputados para apresentar
o pacote
anticrime e anticorrupção, divulgado na última segunda (4).
Entre vários outros pontos, a proposta livra de pena o
agente policial ou de segurança pública que matar alguém quando estiver em
serviço em situação de "conflito armado ou em risco iminente de conflito
armado" ou para prevenir "injusta e iminente agressão a direito seu
ou de outrem".
"Ninguém deseja a morte de criminoso, o criminoso tem
que responder segundo a lei. Mas, se um incidente infeliz acontecer, o policial
não pode ser tratado como homicida", declarou.
De acordo com o ministro da Justiça, o projeto não prevê
"licença para matar". Segundo ele, se alguém avalia dessa forma,
"está fazendo uma leitura absolutamente equivocada que não é consistente"
com o texto apresentado.
Ainda na entrevista, Moro afirmou que as pessoas não são
robôs e, por isso, "eventualmente" podem reagir sob "violenta
emoção".
Apresentação do
pacote
Em um plenário lotado de parlamentares e assessores, Moro
apresentou o projeto por quase duas horas.
Ele explicou os pontos da proposta e depois abriu espaço
para perguntas dos deputados.
No entanto, nem todos os inscritos tiveram chance de fazer
questionamentos porque o ministro alegou outro compromisso fora da Câmara e
precisou deixar o local.
Cada partido indicou um representante para fazer
questionamentos, e os nomes foram sorteados pelo coordenador da Frente
Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como a "bancada da bala",
deputado Capitão Augusto (PR-SP).
Mudança a pedido de
governadores
Segundo Sérgio Moro, houve uma mudança na redação do pacote
a pedido de governadores com os quais se
reuniu na última segunda-feira.
"Foi solicitado [apresentada] uma preocupação [para] o
projeto habilitar as polícias de retirar criminosos perigosos com armas pesadas
na rua, e os governadores fizeram uma sugestão específica. [...] A ideia é
essa, tirar pessoas muitas vezes com armamentos pesados, indicativo de serem
membros de organizações criminosas, da circulação, proteger o cidadão",
declarou Moro.
Repercussão do encontro
Em entrevista ao final do encontro com Moro, o deputado
Capitão Augusto afirmou que o projeto foi bem recebido pela maior parte dos
parlamentares. Na opinião dele, vários pontos da proposta têm chance de serem
aprovados ainda neste semestre.
"[São] projetos que têm viabilidade de serem aprovados.
Não são projetos complexos, que demandam teoria, convencimento. É muito fácil
realmente a forma como ele expôs, a justificativa [dada]. Por isso que não
deveremos ter grandes problemas para aprovação desse projeto. Então, estou
bastante otimista que neste semestre nós vamos conseguir aprovar boa parte do
que foi proposto hoje", disse.
Para ele, o projeto supre a necessidade de atualizar a
legislação na área de segurança pública. Ele defendeu, no entanto, que sejam
feitas algumas inclusões no projeto.
"Por exemplo, aqui não foi tratado o bloqueio de
celulares dos presídios, que é uma coisa que nós vamos ter que incluir nesse
projeto, nesse pacote", afirmou.

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